Consumo alimentar de usuários de uma Clínica-Escola de Nutrição do interior paulista
Resumo
Os maus hábitos alimentares adotados pela população brasileira, proveniente de alimentos hipercalóricos e de baixo valor nutricional, têm refletido diretamente na saúde e estado nutricional, aumentando nos últimos anos, a prevalência de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis. Diante disso, o objetivo desse estudo foi determinar o perfil de usuários atendidos em uma Clínica Escola de Nutrição. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, observacional, descritivo e analítico. Desenvolvido a partir da análise de 96 Recordatórios de 24 horas que constavam nos prontuários dos pacientes, com idade entre 40 e 59 anos. Os nutrientes avaliados foram: carboidratos, proteínas, lipídios, cálcio, zinco, ferro, magnésio, sódio e fibras; sendo os valores encontrados comparados com o preconizado pelas Dietary Reference Intakes de 1997. Os principais resultados deste estudo indicaram maior procura da clínica escola por mulheres (80,2%); entre 40 e 50 anos (62,5%); com excesso de peso (94,8%) e com pelo menos uma doença crônica relatada (83,35%). Quanto ao consumo alimentar, as mulheres apresentaram um consumo significativamente menor de fibras e ferro (p=0,045 e p=0,012, respectivamente), quando comparada aos homens. Um consumo inadequado dos nutrientes avaliados conforme os valores de EAR foram encontrados para ferro (19,8%;n=19); magnésio (88,54%;n=85) e zinco (39,58%; n=38). Conclui-se que o perfil de usuários atendidos pela Clínica Escola de Nutrição foi constituído por mulheres, possuindo pelo menos uma morbidade associada ao excesso de peso. A alimentação caracterizou-se por baixa ingestão de micronutrientes e elevado consumo de carboidratos e lipídios.
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